terça-feira, 20 de dezembro de 2011

ateando



Ando sem acreditar em nada. Nada me encanta quanto antes. Em política nunca acreditei, mas hoje em dia, menos ainda. Tenho a sensação ínfima de que não vai dar certo. Não acredito mais em bruxas, em fantasmas, em serelepices. Não que eu não goste de nada. Ou que eu tenha a cara fechada. Só não acredito mais em nada, nem em amor e nem em natal, nem em contos de fadas, nem que eu seja um bom escritor, ou apenas um grande cara de pau que faz rimas pobres sem muito rigor e sem se importar com o visual. E, não, Vanguart de Hélio Flanders, eu não acredito no semáforo, nem no avião, nem no relógio. Não acredito, por exemplo, que a usina de Fukushima ou a de Belo Monte tenham culpa no cartório. Não acredito que o homem tenha pisado descalço na lua. Não acredito em mentiras, nem em verdades sem considerações. Não acredito em arrependimentos, não acredito em casamentos, não acredito em flores de dezembro. Puxa, estou sinceramente ateando. Se é que vocês me entendem. Eu não acredito nem que possa conseguir, não acredito em eternidades terrenas, nem em dietas de faquir. Não acredito na rima besta ou que o Zé Ramalho saiba o que signifique “grão-vizir”. Não acredito em sacanagens póstumas que nos possa divertir. Tenho a sensação de que além de não acreditar mais em nada, eu não saiba mais sentir.

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